Netflix com anúncios chegou à marca de 94 milhões de espectadores. O dado foi anunciado nesta semana, em evento para… o mercado publicitário, claro.
O plano padrão com anúncios foi lançado no final de 2022 com o objetivo de aumentar o faturamento, enquanto traz uma opção mais barata para o assinante. O ritmo de crescimento acelerou em tempos recentes: alcançou 40 milhões em maio do ano passado, 70 milhões em novembro e os 94 milhões de agora.
Além disso, revelaram que a companhia tem mais público de 18 a 34 anos assistindo a propagandas do que qualquer canal de TV aberta ou paga. Ou seja, eles querem comer mais da verba direcionada para a mídia tradicional.
Inclusive, é curioso como a Netflix mudou suas métricas no período. De uma empresa que divulgava número de assinaturas (e não de espectadores) a cada trimestre, virou uma que revela o número de pessoas que veem anúncios quando lhe é conveniente.
O resultado disso? Mais propagandas. A plataforma informou que novos formatos vêm por aí, incluindo na tela de pause – algo que concorrentes como o Globoplay já fazem. Vão também lançar um produto para o mercado publicitário que usa inteligência artificial, o tema do momento, além de lançarem uma plataforma proprietária para os anunciantes.
Isso tem relação com o anúncio recente sobre os apps da Netflix, já que as mudanças permitem novas oportunidades para agências e marcas.
Netflix com anúncios versus concorrentes
Vale também comparar com outros canais e plataformas. A Amazon, que empurrou toda a sua base de forma automática para o plano com anúncios, tem 130 milhões de espectadores nesse modelo apenas nos EUA. Já o YouTube, do Google, tem 2,53 bilhões de usuários únicos mensalmente – a esmagadora maioria vendo propagandas. No Brasil, a TV Globo tem 136 milhões de espectadores semanalmente, afirmou a empresa no ano passado.
Olhando assim, parece que ainda há um longo caminho para a Netflix. Contudo, as horas assistidas são peça-chave nessa conta. O dado não foi divulgado, mas diria que deve ser bem alto para a plataforma norte-americana – o que traz ainda mais oportunidade para veicular anúncios. O perfil do público também é relevante. Na velha mídia, a idade média tem aumentado bastante.
Vale lembrar que a Netflix não divulgou oficialmente dados específicos do total de espectadores de anúncios que a empresa tem no Brasil. Contudo, em fevereiro, o colunista Gabriel Vaquer, da Folha de S.Paulo, trouxe com exclusividade que seriam 12 milhões de assinaturas na modalidade no nosso país. Na minha estimativa de padeiro, seriam cerca de 28 milhões de consumidores brasileiros assistindo aos “reclames”, como minha mãe gostava de dizer.
Ou seja, o Brasil corresponderia a quase um terço do total mundial.
Vale pegar o balde de pipoca para acompanhar os próximos capítulos dessa nova guerra entre os streamings e a mídia, de forma geral. Afinal, nós estamos literalmente pagando para ver.
