Na era das IAs, o futuro do jornalismo passa pela Alexa?

Como manter o jornalismo vivo e relevante em tempos de ChatGPT e outras IAs do tipo? Bom, um acordo entre Amazon e The New York Times pode ser o caminho.

As empresas anunciaram nesta semana um acordo de licenciamento para que a gigante do e-commerce e da tecnologia use o conteúdo do jornal em produtos com inteligência artificial.

Por que isso importa para o jornalismo?

A ideia é que resumos e trechos do jornal apareçam em tempo real em produtos como a Alexa — e também sejam usados para treinar os modelos de IA da Amazon. O acordo também envolve integrações mais profundas, como quizzes e até receitas do NYT Cooking.

Tudo devidamente remunerado, claro — ainda que não tenham sido divulgados detalhes de como essa parte vai funcionar. Este pode ser um marco no modelo de monetização e integração editorial com tecnologia.

Em um mundo no qual as inteligências artificiais, principalmente as LLMs (os large language models, as IAs de chat), mudam a forma como consumimos informações, a chave para o futuro do jornalismo é entender que a notícia precisa caminhar por novos canais.

A Alexa, hoje, já traz informações básicas. Você pode, por exemplo, perguntar o resultado do jogo de futebol, e ela te trará algumas estatísticas. Imagine isso indo além, com um conteúdo mais aprofundado e embasado — e com a assistente enviando um link para o seu celular ou abrindo a notícia completa na tela, para mais detalhes.

Sem ser nenhuma coincidência, o anúncio vem quando o New York Times está processando a OpenAI e a Microsoft por uso indevido de seus textos no treinamento do ChatGPT.

Isso precisa seguir por esse caminho. Veículos precisam não só ser corretamente remunerados pelo seu produto, mas também entender que a IA sozinha não é vilã. Mais acordos como esse devem vir por aí — assim como a imprensa precisa entender que usar inteligência artificial não é só fazer resumo de notícias, mas sim verdadeiramente mudar o meio por onde a informação é transmitida.

Esses caminhos devem servir de modelo para veículos brasileiros que queiram manter sua relevância diante do avanço das LLMs.

O futuro do jornalismo (e da IA) passa por essas decisões. Literalmente.

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