Caixa d'água icônica da Warner

Warner Bros. Discovery será dividida em duas empresas

O conglomerado Warner Bros. Discovery será dividido em duas grandes empresas. Uma com o luxo. A outra com… os negócios que não são mais tão atrativos.

Uma notícia que pode soar surpreendente, mas que não é nenhuma surpresa.

Na manhã desta segunda, 9, a WBD informou que será dividida em duas entidades separadas. Uma contará com os negócios de streaming e os estúdios — ou seja, Warner Bros. Pictures, HBO Max, HBO e por aí vai.

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Já a outra será composta pelas redes de televisão. Marcas como Cartoon Network, TNT, CNN, Discovery Channel, Discovery Home & Health, entre outras – além dos esportes e (prepare-se) bilhões em débito. 

David Zaslav, CEO da WBD e ex-chefão da Discovery, assume o posto de chefe executivo do “luxo”. O resto fica com Gunnar Wiedenfels, que era o CFO (líder financeiro) do grupo. Ambos permanecem nos cargos atuais por enquanto, e a transição vai se desenrolar até 2026.

A notícia tem várias camadas. Discovery e WarnerMedia se uniram há alguns anos porque, entre outras teses, acreditava-se que vencer no streaming significava volume de conteúdo. A Warner tinha qualidade e franquias famosas; a outra trazia reality shows e documentários que atraíam público, eram baratos e podiam ser produzidos em grande quantidade.

HBO Max será uma das peças da divisão da Warner Bros. Discovery
HBO Max será uma das peças da divisão da Warner Bros. Discovery

Juntos, os dois conglomerados reuniram uma grande penca de canais pagos — uma indústria que não só vem caindo em número de espectadores e em faturamento, como também vem sendo lentamente sufocada por seus próprios donos e concorrentes. Mesmo assim, ainda ajudam a manter as contas no azul.

Agora, Zaslav diz que operar como duas entidades diferentes ajuda a otimizar o futuro da companhia e que estão “empoderando” marcas famosas.

A realidade é que não souberam fazer a transição desses canais para a nova era da internet e do streaming. O Cartoon Network, com quem tive o prazer de trabalhar há muitos anos, poderia ter sido reinventado como algo relevante para as crianças de hoje — sem estar atrelado a um formato de distribuição do século 20. Não aconteceu. E o bonde passou.

O movimento da Warner Bros. Discovery ecoa o que outros concorrentes estão fazendo: matando (oi, Disney!) ou transferindo seus esforços na TV por assinatura. Vão manter o negócio vivo enquanto o coração ainda bate. Mas… o que vem depois?

Ao colocar o CFO para liderar a iniciativa, Zaslav dá a dica: vão cortar custos o máximo possível e aumentar as receitas no que der, tirando as últimas energias vitais. Uma venda, para investidores ou alguma companhia que queira reunir mais canais em seu guarda-chuva, também fica facilitada. 

Por sorte, pode ser que essas marcas encontrem uma luz no fim do túnel e se reinventem. Mas eu diria que, eventualmente, vão desaparecer — mesmo que isso demore algum tempo para ocorrer.

É triste, até porque vejo o linear revivendo no modelo FAST, aquele de canais gratuitos. Quem sabe a nova companhia tenha força para inovar e entender que nomes tão fortes podem ser a inspiração para uma curadoria na tal da economia da atenção — onde existe muita coisa para fazer ou assistir, mas as mesmas 24 horas do dia.

Mas isso é mais um desejo de quem é extremamente nostálgico.