Um game de 30 anos atrás voltou a fazer sucesso na internet – tudo porque a versão atual não é boa o suficiente.
De recém-reestabelecido sucesso (muito por causa da série da Netflix), a Fórmula 1 possui um contrato de licenciamento com a Codemasters para a produção de um jogo anual da categoria. Contudo, desde que a desenvolvedora foi adquirida pela EA, os fãs vêm reclamando da qualidade do que vemos na tela.
➔ Estou concorrendo ao Prêmio iBest deste ano! Conto com o seu voto, clique aqui.
Há gráficos que não acompanham a evolução dos consoles e uma física pouco realista. Resultado? Pilotos com rostos meio estranhos, dirigindo carros em fila indiana – algo impossível na vida real. Pior: que não refletem em nada o que vemos nas transmissões da TV.
A frustração fez com que os fãs mais antigos resgatassem um game de 1996, chamado Grand Prix 2 – ou GP2, para os íntimos –, criado por Geoff Crammond.
Ainda do comecinho da era da física 3D nos jogos eletrônicos, GP2 é uma joia de sua época: física refinada, disputas verossímeis e diversão quase real. Dá para acertar os carros nos mínimos detalhes, respeitando as especificações da época.

É possível, ainda, fazer modificações – os famosos mods. Desde o final dos anos 1990, fãs aprenderam a alterar pistas, trocar traçados, modificar bólidos e muito mais. Se o jogo original se passa durante a (trágica) temporada de 1994, hoje você pode praticamente correr com o que quiser no GP2.
Obviamente, o título tem diversas limitações – principalmente considerando o mundo de hoje. Não há corridas na chuva, modo carreira ou possibilidade de jogar online. Isso sem falar dos gráficos datados.
Mas nada disso importou. Depois de décadas dormentes, as disputas no Grand Prix 2 voltaram com tudo à internet. Tem streamer transmitindo corridas ao vivo na Twitch e no YouTube. Gamers trocam mods e dicas. A comunidade nunca esteve tão viva.
O efeito também respingou nas continuações, Grand Prix 3 (2000) e Grand Prix 4 (2002), mas é o clássico de 1996 que brilha.
Eu, que fiz parte dessa comunidade entre o final dos anos 1990 e o começo dos 2000, sinto uma alegria no coração em ver esse retorno. Joguei muito o GP2, e foi – em parte – minha porta de entrada para o mundo da internet.
O fator nostalgia claramente tem peso nesse sucesso, assim como o fenômeno do retrogaming. Mesmo quem não viveu os anos 1990 acaba, de alguma forma, influenciado por ele. Mas há algo além: o fato de que, no fim do dia, não é um modo online ou um milhão de novidades que ninguém pediu que fazem a diferença. As pessoas querem apenas um jogo que funcione – e, nesse caso específico, um que as faça viver o que elas veem na vida real.
Infelizmente, é praticamente impossível que Geoff Crammond volte a produzir um game sobre a F1. Mas que, ao menos, essa lição seja aprendida por EA e Codemasters.