“The Studio”: Hollywood em crise rende a melhor sátira do ano

Sabe aquela festa da firma onde todo mundo coloca para fora as verdades, incluindo as mais cabeludas? Pois é isso que faz de “The Studio”, do Apple TV+, uma das melhores séries para você assistir em 2025.

Seth Rogen e Evan Goldberg produziram e dirigiram “É o Fim”, filme que traz artistas de Hollywood – a maioria “parças” deles – interpretando versões ficcionais de si mesmos, em uma festa muito maluca. Doze anos depois, eles deixam aquela anarquia juvenil de lado e meio que reinterpretam o mesmo conceito. Só que, em vez de picardias em uma festa, trazem famosos (interpretando a si mesmos ou personagens baseados em outrem) nos bastidores de um estúdio ficcional.

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Tudo isso tendo como pano de fundo as mudanças na indústria do cinema – incluindo a ansiedade de não saber o futuro, o medo de errar a cada escolha e o desejo de viver em um passado que não existe mais.

O resultado é genial. Logo de cara, vemos Martin Scorsese vivendo ele mesmo – e chorando. Outros famosos, como Ice Cube, Zoë Kravitz, Dave Franco, Paul Dano, Charlize Theron, Ron Howard, Adam Scott, Olivia Wilde e diversos outros fazem aparições geniais, rindo de si mesmos.

Há, inclusive, a aparição de um executivo de um streaming concorrente – mas eu não vou fazer spoiler. É impagável.

Martin Scorsese é uma das grandes participações especiais de "The Studio" (crédito: divulgação / Apple)
Martin Scorsese é uma das grandes participações especiais de “The Studio” (crédito: divulgação / Apple)

Mas a joia fica mesmo nos personagens fictícios, todos inspirados em pessoas reais que Rogen e Goldberg encontraram em suas carreiras. O CEO do estúdio que dá nome à série, o Continental, é vivido por Bryan Cranston em um papel escrito com inspiração em David Zaslav, da Warner Bros. Discovery, mas para o qual o ator traz diversas influências do passado, como Robert Evans, que era da Paramount Pictures.

Tem também Catherine O’Hara no papel da ex-chefe da Continental que perde o emprego e vira produtora, também inspirada em Amy Pascal, ex-Sony.

Tudo isso retratado com planos longos, em uma câmera nervosa que nos leva para o centro da ação e cria um senso de confusão e urgência. Sem falar que, para além do humor, há algumas reflexões sobre o papel do entretenimento e até que ponto há arte no cinema comercial.

Dessa forma, “The Studio” consegue pintar um interessante quadro do espírito da época atual de Hollywood. É fundamental para quem quer entender o que realmente acontece na indústria e os motivos para muito do que vemos em tela.

Além de assistir aos dez episódios da primeira temporada (todos já disponíveis), fica a sugestão de ouvir os dois episódios do podcast The Town, de Matthew Belloni, sobre a série. Além de fazer uma participação pra lá de especial, o jornalista entrevistou Seth Rogen e Evan Goldberg – trazendo um pouco mais de contexto e relatos dos bastidores.