Não, o Prime Video não passou a Netflix em market share no Brasil. E não, os dados do JustWatch não correspondem ao que as pessoas realmente estão assistindo no streaming. Não compartilhem a imagem a seguir, que já apareceu várias vezes na minha timeline.
Vou explicar o que ocorreu:
Nos últimos dias, a newsletter Snaq publicou um gráfico com os dados do JustWatch compartilhados pela Teleco como se fossem de “participação de mercado”. Não são.
Eu adoro o JustWatch, de verdade. Sou entusiasta deles. Mas o que esses levantamentos mostram é a “parcela de interesse”: um dado baseado nos brasileiros que acessam o site e procuram onde assistir algo. Não representa o que foi efetivamente assistido, nem por quanto tempo, muito menos pode ser extrapolado com precisão para toda a audiência de vídeo do país.
Falando na linguagem do varejo, aquilo está muito mais para “intenção de compra” — no caso, intenção de assistir — do que para audiência real. Tem valor, claro, e mostra que o Prime Video está num bom caminho, especialmente com títulos que as pessoas estão ativamente buscando. É um bom sinal de curadoria e de catálogo.
Sem contar que não abrange outros tipos de conteúdo (como esportes ao vivo), nem outras plataformas de vídeo. É apenas um recorte.
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E cá entre nós: olhando para a estratégia da própria Netflix, a queda ali faz sentido. A empresa investe cada vez mais em originais — produções que todo mundo já sabe onde estão. Logo, a busca por “onde assistir” no JustWatch naturalmente vai ser menor.
Quem traz a história mais completa é a Kantar Ibope. Segundo o levantamento de outubro, a Netflix tem 4,5% da audiência de vídeo em todos os dispositivos. É o primeiro entre os streamings por assinatura. O Prime Video aparece em terceiro — atrás do Globoplay! — com 1,1%. À frente deles estão YouTube (20,4%) e TikTok (4,8%), mas aí já estamos falando de outros modelos de negócio e de experiência de consumo.
Infelizmente, muita gente replica informação sem a devida análise — e, depois, isso é repassado adiante sem entendimento. Vira uma fake news em bola de neve.
Resumindo para quem não quer ler um grisalho rabugento e pulou direto para o final: pensem antes de replicar a história pronta. De nada.
