A Netflix parou de divulgar o número de assinantes, mas o resultado financeiro foi tão positivo que ninguém ligou.
Sim, a Netflix dá dinheiro. E o lucro não é pouco.
Na última semana, a empresa publicou o balanço financeiro do primeiro trimestre de 2025. Como já sabíamos, o streaming parou de compartilhar dados sobre quantidade de assinaturas ativas. A consultoria Antenna (em reportagem do New York Times) afirma que a companhia perdeu usuários pagantes nos Estados Unidos neste começo de ano.
Só que, de acordo com o documento, a receita cresceu 13%, ultrapassando os US$ 10,5 bilhões (R$ 60 bi). O lucro operacional subiu 27%, com margem recorde de 31,7%. O lucro líquido foi de US$ 2,9 bilhões (R$ 16,5 bi). E o fluxo de caixa livre, US$ 2,6 bilhões (R$ 14,8 bi). Tudo isso em um trimestre que teve hits globais, como “Adolescência”, e com a estreia oficial da sua própria estrutura de publicidade, que já começa a gerar resultados. Antes, havia uma parceria com a Microsoft.
O investimento em conteúdo segue alto (US$ 3,5 bilhões no trimestre, o que dá quase R$ 20 bilhões), mas dentro do planejado. A NFL vai voltar no Natal, a WWE está (dizem eles) performando bem, e o modelo com anúncios começa a ocupar um espaço importante na estratégia.
Há problemas, também
Porém, nem tudo são flores. Na América Latina, a receita cresceu 8% em dólares. Mas, em moeda constante — ou seja, desconsiderando o impacto da variação cambial — o avanço foi de 27%. A diferença mostra o peso da desvalorização cambial nos países emergentes. Ainda assim, a empresa manteve rentabilidade elevada, mesmo com esse efeito negativo.
Nesse sentido, é possível que as atuais políticas do governo Trump –que estão desvalorizando o dólar— deem uma ajuda e evitem reajustes de mensalidade para os brasileiros no futuro próximo.
No final das contas, a Netflix dá sinais claros de que sabe onde está pisando. E que vai seguir jogando com as cartas certas, mesmo sem mostrar todas elas.
Para fechar, assista a um corte da minha participação no podcast Stefanadas, no qual falo sobre a Netflix dar lucro. O programa completo está nas plataformas de áudio e no YouTube.
Na imagem de abertura: foto de Ted Sarandos, co-CEO da companhia, para a Variety.