“A indústria de filmes dos EUA está MORRENDO rapidamente”, disse Donald Trump. A solução dele? Uma tarifa de 100% em produções realizadas fora do país em 100%. O presidente fez esse anúncio ontem, domingo, em uma rede social.
E você achando que a sanha de tarifas e a guerra comercial tinham ficado apenas nos produtos industrializados, né?
Para ele, trata-se de uma questão de “segurança nacional”. Afinal, cultura é soft power, algo que eles sempre fizeram. “Queremos filmes feitos na América, novamente”, esbravejou.
Uma coisa é verdade: Trump está vendo uma questão real, pensando na indústria do entretenimento norte-americana. Há décadas, produções de filmes (e também de séries) de Hollywood são feitas em outros regiões, visando benefícios fiscais. Países como Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia estão entre os destinos principais. Mas há também locais como Romênia, Bulgária e diversos outros na lista.
Isso inclui filmes badalados, como as franquias “Missão: Impossível”, “Senhor dos Anéis”, “Vingadores” e até mesmo séries como “Game of Thrones” e “House of the Dragon”. É a realidade do mercado, em um movimento liderado justamente pelos estúdios –que, seguindo uma lógica capitalista, vão para onde o dinheiro rende mais. Ok, há critérios artísticos também, mas não vamos ser ingênuos.
Implicações da tarifa de 100% nos filmes
Só que Trump quer aplicar um remédio errado, amargo. Em vez de adotar a lógica neoliberal de muitos dos seus apoiadores, que seria diminuir taxações internas para atrair de volta essas produções, ele vai penalizar o resto. É o oposto, por exemplo, do que fazem estados como a Geórgia –que praticamente virou uma nova Hollywood ao cortar impostos.
Além de fazer esses outros países sofrerem, tirando empregos, a medida não vai ser efetiva. A realidade é que produzir nos EUA se tornou caro, por diversas questões –incluindo aí a pressão local dos sindicatos em busca de melhores condições de trabalho, algo louvável.

Resultado? Se a medida for para frente, teremos menos filmes e séries dos EUA. Os estúdios, já combalidos, vão sofrer mais. Os streamings vão minguar. Os exibidores terão menos produções de lá para programar em suas salas.
Isso se os outros países não adotarem ações na mesma medida, seguindo a lógica da reciprocidade. Ou seja, o ingresso de cinema pode ficar mais caro aqui no Brasil e no resto do mundo, também –afastando ainda mais espectadores. Hoje, em média, de 50% a 60% da bilheteria dos longas norte-americanos vem do resto do globo.
Enquanto isso, a maior bilheteria do mundo em 2025, com US$ 1,8 bilhão, é de “Ne Zha 2”. Isso mesmo, de um longa-metragem chinês.