A CNN é o fiel da balança na disputa pela Warner Bros.

A disputa pela Warner Bros. Discovery não é só sobre streaming, estúdios ou escala global. Tem uma pergunta bem mais incômoda no centro dessa história: quanto vale, hoje, a CNN?

A WBD rejeitou a oferta hostil de US$ 108 bilhões da Paramount Skydance — mas a novela está longe do fim. Até porque existe uma matemática simples por trás do drama: a proposta da Netflix (US$ 82,7 bilhões) não inclui a divisão de TV por assinatura (Global Networks), que seria desmembrada como a futura Discovery Global. Já a Paramount quer levar o pacote completo.

Na prática, isso cria um divisor de águas para os acionistas.

Se você acredita que a CNN e os canais pagos ainda valem muito — seja por marca, seja por receita recorrente, contratos de distribuição e fees de afiliadas —, a proposta “enxuta” da Netflix pode acabar sendo a mais vantajosa no longo prazo, justamente por deixar essa empresa independente, com espaço para valer mais em bolsa.

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Mas, se a avaliação for a de que a Global Networks vale pouco e que a curva de queda vai falar mais alto, a oferta maior (e já rejeitada) da Paramount parecia, financeiramente, mais atraente agora.

Além disso, para a Paramount, o jogo só fecha com tudo dentro: mesmo pressionada por audiência, a divisão Global Networks ainda garante receita recorrente, contratos de distribuição e alguma previsibilidade de caixa.

Caixa d'água icônica da Warner: conglomerado também é dona da CNN (crédito: divulgação / Warner Bros.)
Caixa d’água icônica da Warner: conglomerado também é dona da CNN (crédito: divulgação / Warner Bros.)

E aí entra o ponto mais delicado: a CNN é, ao mesmo tempo, um ativo histórico e um risco operacional e político. Uma marca global, com credibilidade construída ao longo de décadas, mas que hoje enfrenta envelhecimento de público, polarização política e decisões estratégicas sensíveis.

Escrevi sobre os números, a lógica por trás dessa diferença entre as propostas e o que isso diz sobre o futuro do jornalismo em vídeo na minha coluna no UOL, a Na Sua Tela. Leia clicando aqui.