Entretenimento sonha com home office e escala 4×3, mas a realidade empurra para o trabalho presencial

Existe uma polarização acontecendo agora no mundo – e nós estamos bem no meio dela. De um lado, quem defende o retorno ao trabalho presencial. Do outro, quem aposta na escala 4×3, que abriria espaço para mais consumo de entretenimento.

Que muitas empresas estão acelerando o retorno ao escritório não é novidade, mas agora o movimento ganha números. Segundo o portal Metro Quadrado, a consultoria CBRE registrou a menor taxa de vacância em imóveis corporativos de São Paulo nos últimos cinco anos, 17,6%. A expectativa é de recorde de ocupação até 2026.

“Desde o segundo semestre de 2024 vivemos um período muito bom, com as grandes empresas voltando ao escritório”, disse Felipe Giuliano, porta-voz da CBRE.

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Podemos discutir as razões desse movimento: má gestão, dificuldade de consolidar o home office, a necessidade de cultivar cultura e troca entre colaboradores, a eterna dúvida sobre produtividade no formato x ou y, ou até pressão de investidores para sustentar o mercado imobiliário. O fato é que esse retorno pós-pandemia é real – e se repete em todo o mundo, da Faria Lima a Wall Street.

Foi nesse contexto que me chamou a atenção uma entrevista de Ari Emanuel ao podcast The Town. Emanuel, se você não conhece, é um dos grandes empresários do entretenimento e uma figura controversa, que já balançou da esquerda para a direita. Fundou a Endeavor e, nos últimos anos, investiu e comprou negócios importantes da indústria, como a WWE e o UFC. 

Ari Emanuel já apoiou o #MeToo e é amigo de Trump; agora, aposta na escala 4x3
Ari Emanuel já apoiou o #MeToo e é amigo de Trump; agora, aposta na escala 4×3 (Imagem: divulgação/Zuffa)

No programa, ele afirmou acreditar no crescimento dos ativos de esporte e entretenimento porque, segundo ele, as pessoas vão continuar trabalhando de casa e, quem sabe, até menos.

“Olhe para os dados”, afirmou o executivo. “Você terá mais eficiência com a IA”.

De fato, a inteligência artificial pode nos tornar mais produtivos. Mas imaginar que isso resultará em menos trabalho é um salto enorme. Pela lógica do mundo em que vivemos, o mais provável é termos menos pessoas fazendo mais coisas – algo que já acontece em várias áreas.

Nesse cenário, enxergo dois perfis: os que trabalham todos os dias e não têm tempo para entretenimento; e os que não trabalham nenhum dia e não têm dinheiro para entretenimento.

No fim, estamos falando de pessoas extremamente ricas e poderosas – com acesso a informações e, principalmente, a um poder de pressão muito maior que o nosso.

O fato é: se o home office e a escala 4×3 impulsionada pela IA realmente vingarem, serão uma boa não só para o entretenimento, mas também para o turismo e tantos outros setores. A pergunta é: será que algum dia chegaremos lá? E o principal: você apostaria dinheiro nisso?