A novela acabou: a F1 volta à Globo em 2026. O anúncio foi feito hoje, 11. Mas o que isso representa para o futuro da categoria? E o que veremos na TV?
A F1 foi para o Grupo Bandeirantes em um momento bem diferente, em 2021. Na época, a Globo vivia uma fase de cortes, e o produto já não parecia tão atrativo como em outras eras — sem brasileiros no grid, inclusive. Ao mesmo tempo, a Liberty Media queria explorar o seu streaming no Brasil, algo que não era previsto no contrato da época.
Veio a Band. A emissora paulista investiu bastante, deu espaço na programação e usou treinos livres e classificações para impulsionar seu canal pago, o BandSports. Teve seus méritos — e também alguns problemas, é verdade. No geral, o público se sentiu mais respeitado pela maior atenção que a categoria recebeu.
Nesses anos, intensificou-se o fenômeno “Drive to Survive”, da Netflix, trazendo uma nova geração de fãs. O apelo comercial cresceu. O Brasil voltou ao grid. Mas a audiência ainda é menor que nos tempos de Globo. E a Band enfrenta outras questões, até estruturais, que afetam os resultados.
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Para a Liberty Media, não aproveitar esse bom momento na maior rede de TV do Brasil é deixar dinheiro na mesa. Para a Globo, ignorar um produto tão identificado com a emissora e que vive um bom momento é perder uma baita oportunidade – ainda mais eu um momento com grande investimento das bets. O match estava feito.
No novo acordo, que vale de 2026 a 2028, 15 dos 24 GPs serão exibidos ao vivo na TV aberta, com o restante exclusivo do SporTV — que vai transmitir todos os treinos, corridas sprint e provas, também ao vivo. Há promessa de conteúdo no Globoplay, no jornalismo e até no entretenimento do grupo.

Segundo o Grande Prêmio, Luís Roberto e Everaldo Marques serão os narradores. Ainda não há definição sobre os comentaristas, mas as portas estão abertas para Felipe Giaffone — o que seria um golaço.
A pior parte da notícia é que o público perderá nove provas ao vivo na TV gratuita — provavelmente nos momentos em que a programação se encavalar, como no horário do futebol. Ao mesmo tempo, mais gente vai assistir aos outros GPs.
Na minha visão, o saldo é positivo. Inclusive, a tendência mundial é exatamente essa: o Brasil é um dos últimos países que ainda têm todo o calendário em TV aberta.
Para o grupo dos Marinho, é uma chance de vender o SporTV — principalmente no combo com o Globoplay. É o automobilismo ganhando espaço na nossa guerra do streaming local, ainda mais com um público em parte formado na Netflix
Resta saber como ficará a plataforma F1 TV com essas mudanças. Talvez vendê-la como um serviço premium para os mais aficionados seja o melhor caminho. Além disso, no Reino Unido, por exemplo, quem tem os direitos exclusivos pode impedir a venda do streaming da Liberty Media. Será que ocorrerá o mesmo no Brasil?
Bom, o comunicado sobre o novo acordo de transmissão fala em “direitos exclusivos”…
Quem fica feliz com essa volta da F1 à Globo é a Disney, nova parceira de marketing da categoria máxima do automobilismo a partir do ano que vem…
Atualização com uma boa notícia: a Julianne Cerasoli confirmou com a categoria que o F1 TV continuará disponível no Brasil em 2026, dentro do novo contrato com a Globo.