Paramount+ fecha exclusividade com o UFC na América Latina para ganhar força no streaming

Quem me acompanha sabe: o streaming virou uma guerra pelo ao vivo. Agora foi a vez do Paramount+ atacar. A plataforma anunciou hoje (28) que será a casa exclusiva do UFC em toda a América Latina, incluindo o Brasil, a partir de 2026. Não foi divulgado o valor do negócio.

Todo o calendário anual do UFC — os 13 eventos numerados, que são os principais, e as 30 Fight Nights — estará disponível sem a necessidade de assinar o Fight Pass e sem custo adicional para o assinante.

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Esse movimento amplia o acordo já fechado nos Estados Unidos (onde também envolve a CBS e que custou US$ 7,7 bilhões) e posiciona o Paramount+ com um evento que acontece o ano todo, reduzindo o risco de churn em um momento delicado, especialmente porque a plataforma não terá mais a Copa Libertadores masculina em 2026.

Para a Paramount, é a chance de usar o Octógono como trampolim. Segundo o próprio UFC, são 75 milhões de fãs na região — que agora terão um destino único, sem o pula-pula proporcionado pelo futebol. Além disso, os eventos funcionam como vitrine para o restante do catálogo e como espaço para anúncios, outro ponto-chave na disputa atual do vídeo sob demanda.

Direitos de transmissão do UFC são um grande trunfo para o Paramount+ (Crédito: divulgação / Paramount)
Direitos de transmissão do UFC são um grande trunfo para o Paramount+ (Crédito: divulgação / Paramount)

A dúvida fica mais para o lado do próprio Ultimate. A organização afirma que a América Latina é prioridade, com mais de 160 atletas da região no roster (quase 25% do total). Mas o novo parceiro ainda tem base de assinantes pequena por aqui, se comparado à concorrência. Por outro lado, os executivos do UFC já haviam sinalizado a preferência por manter todo o calendário em um só lugar, sem o fatiamento que ocorreria em um acordo com a Netflix — que esteve perto de sair.

Ainda assim, estar dentro de um streaming com filmes, séries e documentários diversos posiciona a assinatura de forma mais interessante que o Fight Pass isolado. O preço também fica mais atrativo: cai de R$ 29,90 no formato atual, só com as lutas e conteúdo relacionado, para R$ 27,90 no plano padrão, com outras atrações – isso se não houver um reajuste no Paramount+. 

O que falta é um componente de TV. Nos EUA, a Paramount usa a CBS para transmitir parte das lutas. Por aqui, o grupo não tem canal aberto e está saindo da TV paga no fim de dezembro. Talvez ainda haja espaço para uma parceria com algum grupo brasileiro nesse sentido. 

Vale lembrar: o UFC está fora da TV aberta no nosso país desde o início de 2025, quando acabou o acordo com a Band.

Para quem quiser saber mais sobre a estratégia do Ultimate, leia a minha entrevista com o vice-presidente da organização para a América Latina no NaTelinha; ou ainda meu papo com Dana White, o presidente do UFC, no UOL.